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Brasil e Alemanha estudam a criação de polo de hidrogênio verde em cidade que já foi considerada o 'Vale da Morte'

Governos do Brasil e da Alemanha estudam criação de 'hub' em Cubatão (SP) dedicado a essa fonte de energia.

Os governos do Brasil e da Alemanha estudam a criação de um ‘hub’ de hidrogênio verde em Cubatão (SP), cidade que já foi considerada a mais poluída do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se de um polo com o objetivo de articular e promover ações conjuntas entre as indústrias locais para a produção de insumos verdes, abastecidos por energia de fontes renováveis.

Na década de 80, as indústrias de Cubatão lançavam aproximadamente mil toneladas de poluentes na atmosfera por dia. De acordo com o historiador Welington Ribeiro Borges, tanta poluição levou a cidade ser chamada de ‘Vale da Morte’ e ser considerada a mais poluída do mundo pela ONU.

HUB de Hidrogênio Verde e Power-to-X

Entre as iniciativas pensadas para manter Cubatão como símbolo de recuperação ambiental, está o projeto H2Brasil, fruto de uma parceria entre a Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) e o Ministério de Minas e Energia brasileiro.

Antes do projeto do ‘HUB de Hidrogênio Verde e Power-to-X’ sair do papel, um estudo de viabilidade é realizado por uma consultoria em inovação desde junho. A empresa Pieracciani avalia, por exemplo, a idealização, operação e formas de financiar o hub.

O CEO da consultoria, Valter Pieracciani, explicou que a produção do hidrogênio será uma possibilidade, mas também há em vista outros insumos sustentáveis como o aço e fertilizantes verdes, todos com possibilidade de garantir maior competitividade às indústrias regionais.

Segundo Pieracciani, a ideia é repensar o Parque Industrial de Cubatão para que a cidade se torne um destaque na exportação, além de contribuir para a preservação ambiental.

Caso a viabilidade seja comprovada, é provável que laboratórios das indústrias e centros de inovação já existentes sejam utilizados.

E, diante desse cenário, o executivo aponta que as empresas locais passam a contribuir com uma nova operação conjunta, aproveitando uma nova estrutura e estratégia.

“O pioneirismo desse hub está sendo conceitual. E no que ele é pioneiro? No conceito de repensar um parque industrial de forma sistêmica e não mais de forma individual”, disse ele ao g1, definindo o estudo de viabilidade como o ‘desenho’ do hub.

Em nota, a GIZ informou que quando o estudo estiver finalizado os atores envolvidos poderão se engajar no financiamento, incluindo governos locais, estaduais ou federal, fundos de fomento como o Invest SP e associações de indústrias.

O projeto teve o primeiro workshop com representantes de indústrias locais em 14 de agosto. O segundo evento está marcado para 7 de novembro, quando o relatório final do estudo será divulgado.

🌱 Importância ambiental

O engenheiro ambiental Antônio Mazza explicou que a produção de hidrogênio pode ocorrer por matérias-primas renováveis, como a água (H²O), a biomassa e os biocombustíveis. O processo de conversão da água consiste na quebra das moléculas para a criação do hidrogênio.

 

“Atualmente, o hidrogênio já é utilizado em processos produtivos, [como] na produção de amônia, combustíveis sintéticos, construção e transporte, mas a matriz energética e custos da energia eólica, hidrelétrica, e solar fazem com que a pesquisa do hidrogênio seja uma saída para o futuro”, afirmou.

Mazza acredita no potencial dessa alternativa como solução para a redução da emissão de gases de efeito estufa, mas ressaltou que a transição de matriz energética pode ser dolorosa porque representa uma “quebra de paradigmas”.

“A nossa economia está baseada em petroquímica. Quando você desloca o investimento para outros combustíveis, pode ter uma pressão nas petroquímicas. Então, toda a matriz energética precisa ficar adaptada ao novo modelo, disse.

O engenheiro ambiental ressaltou que o Brasil tem uma distribuição de energia mais equilibrada do que a maioria dos países. “À medida que for colocando esse combustível na matriz energética, você vai ter a redução direta de gases do efeito estufa”, acrescentou.

g1 entrou em contato com a Prefeitura de Cubatão por mais detalhes, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.

 

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