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Como hidrogênio passou de um experimento a uma demanda real no Brasil

O ritmo dos avanços na área de hidrogênio verde nos últimos meses impressiona Monica Saraiva Panik, diretora de Relações Institucionais da ABH2, Associação Brasileira de Hidrogênio Verde. Uma das pioneiras no Brasil na discussão sobre o uso limpo deste vetor de energia, Panik considera que os “passos de tartaruga” dados pelo setor nos últimos 20 anos vivenciam uma aceleração repentina. E essa nova cadência colocou o Brasil em evidência.

“Até o começo deste ano, o Brasil não aparecia sequer no mapa de potenciais produtores e exportadores. A partir do momento em que o país deu mostras de que seria um player, ele cresceu rápido em visibilidade”, analisa Panik em entrevista ao portal.

Os sinais mais claros vieram em fevereiro último. Foi quando a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou no documento “Bases para a Consolidação da Estratégia Brasileira de Hidrogênio” os desafios e oportunidades dos investimentos nessa fonte e, assim, abriu caminho para um plano nacional com estratégias. Meses depois, o Ceará anunciou a criação de um hub de hidrogênio e já atraiu, desde então, investimentos que ultrapassam a casa dos 10 bilhões de dólares.

Gráfico da Nota Técnica “Bases para Consolidação da Estratégia Brasileira de Hidrogênio”, lançada pela EPE (Imagem: Reprodução)

Da invisibilidade à transformação nas indústrias

As ações não passaram despercebidas por analistas mundo afora. No último relatório da Bloomberg que analisa o panorama desse ramo, Brasil foi apontado entre os 28 mercados analisados como provável polo produtor de H2 verde mais competitivo, ao lado de Argentina e Chile.

Um cenário bem diferente daquele visto em 1998, quando o assunto ainda parecia muito experimental e o Pnud, Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, instalou em cinco países, inclusive o Brasil, ônibus movido a hidrogênio. Panik coordenou a comunicação entre as instituições envolvidas na iniciativa, encerrada em 2016.

Foram mais de vinte anos até que empresas começassem a se envolver na discussão e passassem a incluir o tema em seus planejamentos estratégicos, como a ABH2 tem observado.

“As indústrias siderúrgica, química, de mineração, de fertilizantes, entre outros, perceberam que o hidrogênio não será só um combustível para o setor de transporte, mas utilizado em larga escala no setor industrial”, comenta Panik. Parte considerável desse avanço notório vem do esforço de organizações como a ABH2, fundada em 2017. Desde então, a associação atua na pesquisa e divulgação do hidrogênio, além de promover debates e estimular a cooperação entre diferentes setores e instituições.

O tema também ganhou impulso com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) que fundou junto com a AHK de São Paulo a Aliança Brasil Alemanha de Hidrogênio Verde e está atuando desde então fortemente na disseminação deste conteúdo e na conexão de empresas internacionais com o Brasil. Para trazer mais informações e oportunidades do setor, a Aliança lançou em maio último o Portal Hidrogênio Verde. Além de reunir os avanços mais recentes na área, o portal tem o objetivo de se tornar referência sobre essa fonte de energia, esclarecer pontos relacionados a novos projetos, financiamentos e regulamentações. Empresas também têm acesso a uma área exclusiva para desenvolverem parcerias e negócios e, dessa maneira, avançarem na agenda energética brasileira.

Ansgar Pinowski, gerente de Inovação e Sustentabilidade da AHK Rio explica que é perceptível o interesse de empresas internacionais no potencial de geração renovável que o Brasil tem e que é necessário para a produção de hidrogênio verde. “Estamos em um ciclo virtuoso de interesses econômicos gerando oportunidades de crescimento em regiões até agora menos favorecidas”, comenta.

Papel na descarbonização da economia

Embora as possibilidades de uso de hidrogênio já tenham embalado ondas de entusiasmo no passado, a fase atual é ancorada numa necessidade clara: o corte das emissões de gases de efeito estufa para frear o aquecimento global.

A assinatura em 2015 do Acordo de Paris, ratificado por 191 países que se comprometeram a reduzir a carga de poluição despejada na atmosfera, mostrou que mudanças rápidas são necessárias para que a meta de manter o aquecimento do planeta abaixo dos 2ºC seja atingida. A criação do Hydrogen Council, no mesmo ano da ABH2, e de estudos que vieram na sequência sugeriram que o hidrogênio poderia ajudar a descarbonizar diversos setores.

De 2018 a 2021, a lista de países que lançaram suas estratégias nacionais de hidrogênio verde foi de três para mais trinta. Esse salto, para a representante da ABH2, mostra que esse elemento químico foi, finalmente, compreendido. “Mudou a forma de olhar para essa fonte: ela não é apenas um combustível, mas um vetor energético, um armazenador de energia”, justifica Panik.

Um futuro promissor

Frente aos avanços recentes, é essencial não retroceder: o caminho para ocupar um posto permanente de destaque na exportação passa pela produção hidrogênio por meio de fontes renováveis, longe dos combustíveis fósseis. “Quando se considera o preço do hidrogênio verde, cerca de 70% dele é referente ao preço da energia renovável. Se o setor já está consolidado, como é o caso do Brasil, o caminho já está quase pronto”, afirma Panik.

As previsões da Bloomberg para o futuro são otimistas. A estimativa é que o custo do hidrogênio produzido a partir de energia limpa caia mais rápido do que o esperado: até 2050, ele deve ser mais barato que o produzido a partir de fontes fósseis como o gás natural.

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