Uma das principais discussões em torno da globalização do hidrogênio verde e das demais matrizes de baixo carbono diz respeito às empresas que compram parte dos insumos produzidos por um país, os chamados “off-takers”. Para o Brasil, a dificuldade e até incapacidade de alguns países produzirem alternativas energéticas mais limpas em seu próprio território representa uma oportunidade estratégica para firmar parcerias, atrair recursos e fortalecer sua posição no mercado global de energia limpa.
Conduto, alguns grandes desafios ainda precisam ser ultrapassados, como o custo de fontes como o hidrogênio verde (H2V). Ricardo Rüther, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador do Grupo Fotovoltaica, explica que, embora o hidrogênio verde seja uma solução limpa e promissora, sua produção ainda é mais cara em comparação com outros combustíveis fósseis. Dessa forma, alerta, o país precisa equilibrar a competitividade econômica e a sustentabilidade ambiental.
“Em termos de estratificação, o Brasil consegue sim se apresentar como um mercado competitivo e ele precisa fazer isso. Porém, quem é que vai aceitar pagar o preço que esse hidrogênio vai custar no mercado mundial”, indaga.
A principal alternativa para o sucesso de encadeamento das produções é o barateamento do H2V. Estima-se que, até 2030, os projetos de produção de hidrogênio com baixa emissão de carbono poderão atrair investimentos globais de aproximadamente US$ 350 bilhões. No Brasil, de acordo com a consultoria Thymos Energia, esse montante deve alcançar cerca de US$ 28 bilhões no mesmo período.
Sobre o barateamento, o professor entende que é necessário olhar além da exportação, e se inspirar em alternativas sustentáveis, a exemplo das que a Europa vem fazendo para conseguir viabilizar financeiramente outras formas de energia.
“O Brasil tem demanda para o hidrogênio verde localmente e para exportação, só que esse hidrogênio verde não atingiu a escala necessária para reduzir os custos aos níveis que a gente precisa para ser economicamente competitivo”, comenta Rüther. Ele adiciona que isso também aconteceu com as energias solar e eólica. “Há 10 anos, a energia solar era a fonte mais cara que existia e, hoje, graças a mecanismos de incentivo governamentais, principalmente na Europa, é a fonte mais barata que existe”.
(*) Participante do Curso Valor de Jornalismo Econômico sob supervisão de Elisa Campos.
A Sauer está atenta as regulamentações do setor e conta com uma linha de compressores especificamente desenvolvida para a compressão do hidrogênio em alta pressão.