Para coletar o Hidrogênio (H2) é necessário separar o elemento das outras moléculas a partir de um procedimento chamado “eletrólise” que utiliza corrente elétrica para desagrupar. O nome remete à eletricidade por necessitar de uma quantidade abundante de energia para ocorrer.
Nos últimos anos, a pauta sobre a produção de hidrogênio e a sua possibilidade de estocar energia com eficiência tem se destacado. Também se tornaram evidentes os debates sobre a utilização da biomassa ou de biogás em seu processo de produção, sendo uma alternativa benéfica ao meio ambiente, além de uma grande oportunidade de expansão para o setor.
Recentemente, mais uma vantagem foi conquistada: uma nova fórmula para a produção de hidrogênio verde por meio da luz solar. Chamado de “fotocatálise” e inspirado pelo próprio processo natural de fotossíntese da natureza, o processo pode revolucionar a indústria. A descoberta foi realizada por pesquisadores do Institut National de la Recherche Scientifique (INRS), que apresentaram em janeiro de 2021, um estudo sobre a possibilidade de novos eletrodos sensíveis à luz solar no processo de dissociação do hidrogênio da molécula de água.
O estudo concluiu que ao utilizar dióxido de titânio como catalisador principal, um semicondutor relativamente sensível à luz ultravioleta, o processo de coleta do hidrogênio por meio dos raios solares é mais eficiente. Os eletrodos podem absorver cerca de 50% da luz emitida pelo sol. Essa é uma característica que vai incentivar e expandir ainda mais a utilização de energia solar como solução para um mundo limpo e renovável.
Um relatório divulgado recentemente pela IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), chamado “Green hydrogen: A guide to policy making”, apresenta quatro pilares para a formulação de políticas de hidrogênio verde, que podem impulsionar o setor como um facilitador chave da transição energética. São eles:
Estratégia nacional de hidrogênio: “cada país precisa definir seu nível de ambição para o hidrogênio, delinear a quantidade de apoio necessária e fornecer uma referência sobre o desenvolvimento do hidrogênio para investimento e financiamento privado.”
Definição de prioridades de política: “o hidrogênio verde pode oferecer suporte a uma ampla gama de usos finais. Os formuladores de políticas devem identificar e se concentrar nos aplicativos que fornecem o valor mais alto.”
Garantias de origem: “as emissões de carbono devem ser refletidas em todo o ciclo de vida do hidrogênio. Os esquemas de origem precisam incluir rótulos claros para hidrogênio e produtos de hidrogênio para aumentar a conscientização do consumidor e facilitar as reivindicações de incentivos.”
Sistema de governança e políticas facilitadoras: “à medida que o hidrogênio verde se torna dominante, as políticas devem cobrir sua integração ao sistema de energia mais amplo. A sociedade civil e a indústria devem estar envolvidas para maximizar os benefícios.”
Hoje, com a possibilidade de energia renovável com baixo custo e os investimentos em tecnologias que colaboram para maior flexibilidade do sistema de oferta, o hidrogênio verde surge como uma alternativa para um mundo consciente.
Países como a Austrália, a Alemanha, a Holanda e a China, lideram a produção do elemento e possuem matrizes energéticas avançadas, assim como grandes projetos em desenvolvimento que prometem revolucionar a década. No Brasil, também há empresas com iniciativas no mercado.
Além disso, o território nacional possui diversas vantagens estratégicas para se tornar um fornecedor de hidrogênio verde para outros continentes, tais como: potencial de energia renovável, boas condições climáticas e geográficas, crescente metas globais de redução de poluentes e reconhecimento das oportunidades em diversos setores.
Apesar de ser amplo nas indústrias, o hidrogênio verde não atua como um concorrente no mercado, mas como um complementar. É importante ressaltar que outras fontes ainda continuam existindo, mas o hidrogênio pode se destacar. Por isso, fomentar o crescimento para esse nicho, que está emergente e promissor, é mais que uma oportunidade para a descarbonização das indústrias intensivas, também é uma forma de propagar mais qualidade de vida em um futuro próximo. E aí, o que você pensa sobre isso?