Todo o potencial para geração de energia a partir do vento no território do Estado ganhará ainda mais força com projetos em análise pelo Ibama para geração eólica offshore (no mar). Do total de 27 protocolados junto ao órgão federal na faixa junto ao litoral gaúcho, 20 são no Litoral Sul.
Toda essa atração de investimentos bilionários – são estimados em R$ 15 milhões para cada MW instalado no mar – soma-se à futura geração eólica por terra para abastecer o projeto de produção de hidrogênio verde no Estado.
Para obter este combustível limpo, toda a cadeia de produção precisa também ser limpa, ou seja, com energia proveniente de gerações como a eólica e a solar em alta demanda.
A Petrobras, por exemplo, ainda não fala em valores a serem investidos em um eventual projeto offshore junto à costa gaúcha, por ainda depender das conclusões de estudos de viabilidade e da própria regulamentação federal para essa produção, mas no ano passado, fez o pedido de início do processo de licenciamento ambiental de 10 áreas em alto mar brasileiro, e assinou ainda uma cooperação com a Equinor para avaliação de outras áreas.
Em nota, a empresa antecipa apenas que, neste ano, poderá instalar no mar do Rio Grande do Sul um dispositivo por meio da tecnologia Bravo (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore), que vem sendo desenvolvido em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER). Somente as iniciativas lideradas pela Petrobras, que incluem áreas no Rio Grande do Sul, totalizariam 8 GW de produção se concretizadas. Entre os 27 projetos já protocolados, a energia offshore gerada no Rio Grande do Sul chegaria a 70 GW. De acordo com a empresa, o caminho comercial da energia a ser gerada no mar para a produção de hidrogênio verde está no espectro dos investimentos futuros.
Atualmente, 14 memorandos de entendimento de empresas do setor foram firmados com o governo estadual para possíveis instalações de plantas de hidrogênio verde. Conforme o plano estabelecido pelo Rio Grande do Sul, levando-se em conta principalmente a proximidade com os pontos de geração de energia renovável e a infraestrutura de linhas de transmissão, os municípios de Giruá, Uruguaiana, São Francisco de Assis, Dom Pedrito, Vila Nova do Sul, Cambará do Sul/Arroio do Sal, Porto Alegre, Mostardas, Santa Vitória do Palmar e Rio Grande são os mais adequados para receberem esses projetos – quatro deles ficam entre as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste.
Será uma produção em cadeia que, no último ano, o Estado começou a experimentar. O Porto de Rio Grande foi o ponto de chegada, por exemplo, das hélices que seriam transportadas para erguer do Parque Coxilha Negra, em Santana do Livramento. Já há acordo para que o mesmo caminho seja seguido pelo futuro Parque Três Divisas.
“Temos feito um trabalho intenso para mostrar o potencial do nosso porto para o mundo, especialmente aos holandeses, que mostraram muito interesse no que temos aqui. Em todas as fases dessa cadeia. Desde a infraestrutura para receber ou para montar equipamentos que vão gerar a energia eólica até a área adequada para a instalação de planta para produção do hidrogênio verde com a facilidade logística de estarmos em um hub capaz de promover a exportação à Europa imediatamente. O Porto de Rio Grande assumirá um papel estratégico no caminho da transição energética muito valorizado, com grande capacidade de atração de novos investimentos”, diz o diretor-presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.
O hidrogênio não é obtido de maneira isolada na natureza. Um dos processos para se chegar a ele é a eletrólise da água, separando o hidrogênio do oxigênio. Para ser considerado “verde”, o processo precisa acontecer a partir de energia 100% renovável, como eólica e solar.
Ao se obter o hidrogênio verde, é possível armazená-lo para gerar energia por meio de células de combustível para todo tipo de veículo, assim como forma de insumo para a produção siderúrgica, química, petroquímica, agrícola, alimentícia e de bebidas e para o aquecimento de edificações.
“Especialmente com o avanço dos projetos de geração offshore, teremos um grande potencial de produção que poderá atender tanto à demanda local quanto ao que há de maior interesse a Europa, que é a exportação deste produto, por exemplo, para o porto de Roterdam”, explica Klinger.
De acordo com o dirigente, há estudos locacionais em andamento com grandes empresas que lidam com energia para futuras instalações no distrito industrial junto ao porto. Assim como a Portos RS tem tratado com todos os terminais atuais para a preparação à exportação do hidrogênio verde. Claro que a produção em escala dependerá ainda do avanço dos projetos offshore, mas Klinger não descarta que, ainda em 2024, possa haver o anúncio da primeira planta de produção de hidrogênio na região.
A Sauer está atenta as regulamentações do setor e conta com uma linha de compressores especificamente desenvolvida para a compressão do hidrogênio em alta pressão.